Sumário
Dei de cara com um post no Innovation Excellence que me chamou a atenção. Por isso, resolvi falar com você sobre a inovação prematura. O primeiro parágrafo foi o que me inspirou a falar sobre isso. Ele dizia que os negócios hoje possuem obsessão pela velocidade. As pessoas estão obcecadas por prototipar rápido, falhar rápido e entrar no mercado rápido.
É verdade – e tem tudo a ver com muito do que falamos aqui sobre ciclos rápidos de aprendizado e MVP’s, para citar apenas dois exemplos. As vantagens de ir ao mercado o quanto antes para aprender e desenvolver seu produto são muitas, mas há que se ter cuidado com a Inovação Prematura. Ser tão rápido pode não ser bom como imaginamos e o pioneirismo pode acabar sendo um tiro no pé.
O que é inovação prematura?
Inovação Prematura é quando você lança um produto extremamente inovador no mercado, funcional, de qualidade e que tem tudo pra dar certo – mas não dá. Não dá porque as pessoas não estão prontas para isso. O mercado não compra porque não entende ou não vê valor na inovação que, muitas vezes, explode pouco tempo depois.
Isso é mais comum do que se imagina. Vejamos alguns exemplos:
Em 2000, a Microsoft lançou o Windows Mobile, para “pré-históricos” smartphones da época. Comparado ao que se tem hoje, não era nada. Mas convenhamos: poder usar o Windows no celular, editar planilhas e documentos, enviar e-mails e controlar agenda no Outlook já é um valor em tanto. Apesar de ir evoluindo com o tempo, não resistiu aos que chegaram com o mercado já mais maduro.
Em 1996, a GM lançou o EV1, um carro elétrico. Em 1999, foi descontinuado porque suas vendas não sustentavam a produção. Hoje, o Toyota Prius é um sucesso de vendas, tendo sido lançado mundialmente apenas em 2000 (ficou disponível somente no Japão por um tempo).
Agora, o menos badalado, mas o meu favorito:
O Gorilla Glass, tela “inquebrável” usada amplamente em smartphones de diferentes marcas, começou a ser usada pelos fabricantes por volta de 2008. A tecnologia, porém, foi desenvolvida em 1962 (!!!). Isso mesmo: demorou 46 anos (!!!) para o produto ter relevância comercial e ser produzido em massa.
Então talvez você esteja em dúvida sobre como descobrir o momento certo de inovar e como fazer isso. Vamos entender melhor.
Como saber se você chegou muito cedo?
Nem sempre é fácil saber se sua inovação é prematura. Uma maneira de saber é se as pessoas fora do processo de desenvolvimento de produto (especialmente os clientes-alvo) entendem o valor imediatamente quando você explica a eles (ou se eles têm muitas perguntas).
Se eles tiverem muitas perguntas sobre sua solução e essas forem difíceis de responder, talvez você tenha chegado muito cedo. Ou, ainda, se o produto ou serviço não for agradável de usar, você pode estar criando uma inovação prematura.
Ademais, se as pessoas não tentarem roubar sua inovação potencial ou se voluntariar para trabalhar nisso de graça, talvez você tenha chegado muito cedo (estou apenas brincando).
De qualquer forma, inovar prematuramente pode ser fatal para qualquer negócio. Vamos entender os perigos por trás disso.
Quais são os riscos de chegar muito cedo?
A inovação prematura pode ser dolorosa por causa dos frutos dolorosos que você pode colher com o resultado. Ou você pode perder no mercado como resultado da inovação prematura se a concorrência puder aprender mais rápido com sua inovação prematura do que você, ou se puder explicar o valor de sua inovação melhor do que você.
Você pode evitar ou mitigar os riscos da inovação prematura?
A inovação prematura pode ser evitada compreendendo que o valor não vem apenas do produto ou serviço que você cria, mas também da embalagem, do marketing, do software ou de outros elementos da solução, como a possibilidade de ter uma rede de fornecedores de serviços ou parceiros. Ao mesmo tempo, existem algumas perguntas que você deve se perguntar:
- Estamos resolvendo a dor suficiente em nossa nova solução para superar a dor da mudança?
- Onde está sendo criada a maior dor em nossa nova solução?
- Podemos resolver a dor que estamos criando antes que um concorrente a veja e resolva primeiro?
- Estamos revelando os principais elementos de valor em nosso lançamento ou devemos esperar até que possamos?
Você sempre deseja lançar muito cedo?
Há momentos em que você realmente quer chegar muito cedo, mas não muitos. Provavelmente, o motivo número um para lançar muito cedo é quando você pode admitir para si mesmo que não sabe realmente onde o valor em uma área de solução precisa ser desbloqueado.
Nessas situações, você pode esperar que os clientes REAIS possam descobri-lo para você (especialmente nas áreas de marketing, embalagem, distribuição, etc.) – MAS você deve estar pronto para o instrumento de aprendizagem e fazer mudanças rápidas após o lançamento. É uma estratégia arriscada.
A conclusão é muito simples. Deixe a paixão pela sua tecnologia ou serviço ultra inovador de lado e descubra se o mercado está preparado para ele.
A obsessão pela rapidez, que a princípio parece colaborar com a Inovação Prematura, pode ajudar a evitá-la. Afinal, um MVP pode ajudá-lo a descobrir se as pessoas estão prontas para o seu produto antes que se gaste muito tempo ou dinheiro nele.
E caso vocês tenham achado os exemplos distantes demais, poderíamos contar o caso dos nossos fundadores Maurílio Alberone e Rafael Carvalho e a Peta5. Na minha opinião, um bom exemplo de Inovação Prematura (que quem já foi em um dos Workshops Bizstart conhece). Mas um deles pode falar melhor a respeito em outro post! 😉
E vocês, lembram de mais algum exemplo de Inovação Prematura?