Sumário
O badalado Vale do Silício é uma inspiração para o mundo inteiro em termos de cenário favorável ao empreendedorismo e ao crescimento de startups.
O que o Vale do Silício tem a ensinar?
O Vale do Silício do norte da Califórnia se tornou sinônimo de tecnologia, inovação e startups. O boom das pontocom ou empresas de comercialização eletrônica no final da década de 1990. Seguido por um colapso das mesmas, chamou a atenção pela primeira vez para esta área geográfica como um centro de tecnologia que muitas das maiores empresas de alta tecnologia optaram por ter como seu lar.
Nos últimos anos, os holofotes voltaram ao Vale do Silício, com empresas como Facebook, Google, Apple, Intel – e muitas outras gigantes e bem conhecidas – se estabelecendo lá.
Tanta inovação está ocorrendo neste local que parece que o Vale do Silício desenvolveu uma reputação, construída e desenvolvida com base na localização física.
E isso não é de agora. A área geográfica nesta parte da Califórnia é conhecida como um centro de tecnologia há décadas, desde a década de 1930 com tecnologia militar, incluindo a Marinha dos Estados Unidos e aeroespacial.
Além disso, também houve inovação em telégrafo, rádio e tecnologia comercial. A área possui inúmeras universidades que têm sido um fator estimulante para a tecnologia.
Com esses aspectos físicos, mais pessoas, investidores e empresas têm sido atraídos para a área devido à proximidade de recursos. Assim como pelas oportunidades de explorar pesquisas e talentos existentes ali localizados.
Por sua vez, isso tem impulsionado o crescimento econômico em termos de habitação e negócios. Tudo isso para atender a todas essas pessoas direcionadas para a área pelas empresas de tecnologia e inovação que têm gerado empregos.
Ademais, aqueles que vivem e trabalham no Vale do Silício ajudaram a reforçar o argumento da localização. Já que criaram comunidades dentro da área onde se reúnem para trocar ideias e promover a cultura que está sendo desenvolvida.
Por que Tel Aviv pode nos ensinar mais que o Vale do Silício?
Apesar de todos esses atributos e história mencionados acima, o caso de Israel, porém, mesmo não tão comentado, pode ser um exemplo muito mais enriquecedor para o Brasil.
Hoje, Israel só perde em número de startups para os Estados Unidos. É o país que mais investe em pesquisa e desenvolvimento no mundo e é o segundo em empresas listadas na Nasdaq. É também um dos países mais favoráveis à criação de empresas de tecnologia. Sendo Tel Aviv comparada ao Vale do Silício pela sua capacidade de atrair investidores. De lá, vieram o Pentium 4, o ICQ, o pendrive e o firewall, oriundos de empresas locais ou dos centros de pesquisa que as grandes empresas montaram no país. Para chegar a esse patamar, houve um grande esforço do governo – e é aí que devemos aprender.
Resumindo, o que aconteceu lá:
No início da década de 90, Israel usou as pequenas e médias empresas de tecnologia para alavancar a economia. Para isso, acabou com nós burocráticos do sistema, promoveu a integração entre universidades e empresas e desenvolveu a capacidade das startups de atrair investimentos de venture capital. Além disso, o próprio governo injetou dinheiro diretamente nas iniciativas.
Ademais, o objetivo era atrair os investidores, dando a chancela que os mesmos precisavam para confiar no crescimento das empresas que nasciam. A conta era dividida com o Estado e, em cinco anos, podia-se comprar as ações públicas por um bom preço. A partir daí, o setor explodiu e se consolidou no modo como vemos hoje.
É importante ressaltar também que os judeus são, historicamente, uma nação empreendedora, o que contribui bastante, claro.
E aqui?
Em comparação com o Vale do Silício e Tel Aviv, podemos diferenciar alguns pontos em relação ao caso brasileiro. Aqui, o desenvolvimento do setor se mostrou espaçado, fruto do interesse de alguns órgãos, que fomentaram as iniciativas para tal.
O governo brasileiro nunca enxergou, de fato, o movimento empreendedor como peça-chave da economia, dando mais atenção aos grandes conglomerados do mercado.
Desta forma, gerou impedimentos para o pleno crescimento, como a burocracia constante e os editais de investimento excludentes que não abrigavam a amplitude e diversidade necessária.
O Brasil, no entanto, encontrou um cenário favorável que contornou a falta de empenho como o visto em Israel.
A situação econômica e seus reflexos positivos no restante do mundo possibilitou a grande circulação de capital no país, dando espaço para que a iniciativa privada tomasse as rédeas do crescimento do setor.
Em um movimento recente que tende a crescer cada vez mais, as startups, aceleradoras e fundos de investimento começam a protagonizar um cenário onde a participação do governo é pequena.
Onde está o aprendizado?
Um dos ingredientes mais importantes para o desenvolvimento pleno das startups no Brasil e a concretização da cultura empreendedora é o apoio governamental. Justamente onde estamos devendo – e muito.
Enquanto não se enxergar a importância do setor, em especial na geração de empregos, e a ideia de que as grandes empresas nacionais podem nascer de pequenos empreendimentos, será difícil tornar o país uma referência em inovação e economia criativa.
Já sendo um polo de investimento pela situação econômica, é preciso, então, que o Brasil crie uma estrutura jurídica propícia e dê o apoio necessário àqueles que desejam abrir sua empresa. Acima dos valores culturais e dos modelos econômicos, é isso que define o sucesso dos países empreendedores.
Para ler mais sobre o assunto, existe o livro “Nação Empreendedora – O Milagre Econômico de Israel e o que ele nos ensina“, de Dan Senor e Saul Singer.
O que você acha disso? Devemos esquecer o Vale do Silicio? Podemos aprender com o exemplo de Tel Aviv ou ele não se aplica à nossa realidade? Opine!