Muitos negócios que se encontram em implantação ou ainda outros que já estão instalados e buscam expansão, costumam seguir uma estratégia conhecida como copycat como ferramenta para alcançar esse objetivo.
O termo é muito conhecido no mundo financeiro e de marketing, entretanto, é natural que você não esteja familiarizado com o conceito em si e talvez já tenha aplicado na sua empresa mas sem saber que se tratava de Copycats.
Então, primeiramente, vamos ao conceito do que seriam ‘copycats’. O termo diz respeito as startups que copiam modelos de negócio já testados e validados em outros países, geralmente EUA e países da Europa, para implementar em países onde não existam tais modelos.
Há uma polêmica sobre essa questão, em que muitas pessoas argumentam que isso não é efetivamente uma inovação e também que por ser um modelo já validado, sendo suas chances de sucesso maiores, o investimento neste tipo de negócio é bem maior.
Porém, polêmicas à parte, não podemos esquecer que fatores externos, como os culturais, influenciam de forma significativa no mercado. Então dizer que o investimento é maior em copycats devido ao sucesso em outros países não é um argumento totalmente válido.
E não só isso, para o modelo ser copiável, ele precisa estar em harmonia, e para que isto aconteça é necessário trabalho árduo!
Pesquisas, validações, entrevistas com clientes, análise de canais e de receita, entre outras características que vão descrever se o mercado está pronto ou não para um modelo copycat, e certamente, com adaptações.
Um modelo precisa ser validado e ter sua eficácia comprovada. Além disso, cada empresa possui uma realidade, uma cultura e forma de gerenciamento bem como público alvo, por isso que, é imprescindível a adaptação para incorporação no seu empreendimento.
Um ponto de destaque diz respeito a execução dessa ideia. Não adianta ter boas ideias e na hora de executar não ter os recursos tecnológicos, humanos e intelectuais que se fazem necessário para que seja bem realizada. É necessário se atentar a fatores internos e externos a organização e planejar sua execução de forma perfeita e que faça sentido.
Pensando nisso, trouxe dois exemplos de copycats que ficaram muito famosos no Brasil e vou explicar um pouco como foi esse processo de implementação do modelo em território nacional. Acredito que assim você conseguirá ainda mais inspiração para, quem sabe, aplicar essa estratégia no seu negócio.
A ideia de montar um negócio voltado para artigos infantis de venda pela internet surgiu quando um dos fundadores, Kimball Thomas, estava viajando pelo Brasil e não conseguia encontrar fraldas no tamanho e modelo certo para o seu filho.
Assim, posteriormente, quando ele e seu primo David Smith faziam MBA em administração nas universidades de Harvard e Wharton, respectivamente, decidiram criar a baby.com.br, baseada no grande sucesso que o site diapers, também um e-commerce voltado para produtos infantis, fazia nos EUA.
Essa decisão também foi baseada na oportunidade de mercado, haja vista o crescimento do e-commerce no Brasil, a falta de um líder nesse segmento e nos feedbacks de amigos.
Porém para implementar essa copycat no Brasil foi preciso entender o mercado de e-commerce nacional, adaptar o projeto em várias pontas, compreender toda a dinâmica que envolve um negócio como esse, estudar o público-alvo, validar as ideias, estudar a possibilidade de adoção de parceiros e fornecedores a esse projeto, etc. E depois de uma resposta positiva do mercado, em 2011, foi instaurado o site baby.com.br.
Esse modelo de negócio também foi muito bem recebido pelos investidores, que ao total investiram quase 8,5 milhões, sendo os principais investidores a Tiger Global (investidora da Netshoes e do Peixe Urbano) e a Monashess Capital. No final de 2011, a apresentadora de televisão, Angélica, mãe de três filhos, virou sócia da empresa, sendo denominada a “mãe oficial do site” e realizando campanhas publicitárias para divulgar a empresa.
Além de ter sido a primeira empresa nesse ramo no Brasil, a baby.com.br também inovou trazendo para o território nacional o modelo de empresas que incubam outras empresas. Nesse sentido, empresas nascentes são sediadas no próprio escritório da baby.com.br e não em centros de ensino e pesquisas, por exemplo.
Em 2010, três jovens brasileiros – Júlio Vasconcellos, Emerson Andrade e Alex Tabor – decidiram criar o site de compras coletivas chamando Peixe Urbano, inspirado no enorme sucesso que o Groupon vinha fazendo nos EUA, desde 2008. Esse foi o primeiro site desse tipo no Brasil.
O modelo de negócios era baseado em colocar em contato os melhores prestadores de serviços de cada cidade com um número grande de consumidores interessados em descontos de estabelecimentos próximos a sua localidade.
Assim, era realizada uma oferta a preços baixos para um determinado número de clientes em potencial, onde, se fosse atingida a meta de compradores para um dado produto, todos levavam a oferta.
Inicialmente, o Peixe Urbano oferecia ofertas somente para o Rio de Janeiro, contando com uma equipe de apenas 5 pessoas e 6 mil usuários cadastrados. Com o sucesso, chegou a 1 milhão de usuários em 5 meses, e expandiu seus negócios para a cidade de São Paulo, e demais cidades brasileiras além de ter presença em outros países da América do Sul (México e Argentina).
Nesse sentido, financiando a expansão, a empresa recebeu investimentos de importantes investidores internacionais. Com tamanho sucesso, a empresa recebeu mais um sócio, o apresentador de TV Luciano Huck.
No entanto, com esse mercado em crescimento, houve um ‘boom’ de sites de compras coletivas – Peixe Urbano, Groupon, Clickon, SaveMe, Filé urbano, Ladodek entre outros – e posterior estagnação desse mercado.
Mesmo com essa estagnação, não se pode tirar o mérito do Peixe Urbano em ter sido pioneiro nesse tipo de serviço e ter feito um enorme sucesso naquele momento.
Hoje em dia, a empresa pivotou em sua estratégia, com o objetivo de fazer crescer novamente o negócio, e agora o investe em e-commerce local e não mais em compra coletiva.
E você, se inspirou no modelo de negócios de alguma empresa estrangeira para montar a sua startup? O que pensa sobre as copycats no Brasil? Compartilhe a sua opinião!